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 A real beleza de um combate

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5 participantes
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miths
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Mensagens : 27
Data de inscrição : 17/09/2009

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MensagemAssunto: A real beleza de um combate   A real beleza de um combate EmptyDom Set 27, 2009 7:40 pm

Bem, neste quente e tranquilo domingo de eleições irá (esperemos) ser lançado o primeiro show da NVW. Após ter cumprido o meu dever cívico, venho lançar uma posta de pescada para aqui.

Por muito que gostemos das promos, do aspecto ou da entrada de um wrestler, tudo isso é simplesmente "garnish", em português guarnecimento, para o prato principal que este tem de apresentar: a sua capacidade in-ring. Um tipo com um aspecto bestial e grandes mic skills mas com fracas in-ring skills é como um prato com um ovo estrelado e batatas fritas sem o belo do bife da vazia: dá para comer mas sabe a pouco.

E o que faz um tipo ter in-ring skills? Claro que convém que tenha alguns moves, especialmente hoje em dia, mas aquilo em que tem de primar é na maneira como sabe relatar algo nesse combate para quem assiste, algo que faça a pessoa aderir a esse combate, algo que a faça investir emocionalmente naquilo que vê, que a faça puxar pelo seu preferido e apupar de morte o que o está a por em risco.

É preciso a chamada "psicologia".

Normalmente, para a comunidade do e-wrestling, o conceito de psicologia passa muito por trabalhar certa parte do corpo e muitas vezes por ter o face underdog contra o heel dominante.

Psicologia é muito mais que isso. É fazer tudo ter sentido. É fazer, com muita coisa pelo meio ou não, o combate ser uma história, que terá um inicio, um desenvolvimento e um fim categórico.


Existem certas regras que são universalmente aceites como a psicologia oficial. Tem de se respeitar princípios da lógica. Não faz sentido:

- estar a trabalhar as costas o combate todo para acabar o combate com um Ankle Lock sem se ter trabalhado a perna (olá Kurt...);
- um tipo de 50 ou 60 kg dar um murro a um adversário de 100 kg e o efeito ser similar ao do murro do tipo de 100 kg no de 50 (olá wrestling nacional...);
- um movimento ser denominado como letal (o finisher) e volta que não volta estarem a existir lutadores diferentes a sobreviver a ele - O Shawn Michaels sobreviver a um Chokeslam, um Last Ride e um Tombstone e o Undertaker a 2 Sweet Chin Music na WM 25 só faz sentido porque muito poucas vezes alguém sobrevive e porque o tom épico do combate e a quase indestrutibilidade das 2 personagens, que fazem muito poucos jobs, ajuda a isso.


É preciso que haja CREDIBILIDADE no meio disto tudo. Tudo isto acima referido se incorpora no famoso “selling”, o “vender” ao seu público-alvo (os famosos marks, ou seja, alvos ) que se está a sofrer muito ou a atacar com grande ferocidade.

É importante no e-wrestling a descrição daquilo que nós podemos ver no wrestling: a dor na cara de quem sofre, o coxear, o agarrar-se às costas, a raiva, a dificuldade em respirar, o cansaço, etc... é essencial que exista tudo isto para mostrar a quem vê (neste caso, a quem lê) os vários capitulos desta história.

Existem estruturas de história de um combate que são universais. A primeira, que é a base de toda a psicologia, é a do face em perigo perante o heel dominador. E faz sentido que seja, porque se o heel não se conseguir mostrar perigoso não há grande razão para sentirmos empatia pelo face.

Imaginem o seguinte: estão a andar na rua e vêem um tipo de 1,90 e um de 1,60 à porrada, com o de 1,90 a acertar umas ameixas feias no outro. Por quem é que sentem empatia? Naturalmente será pelo tipo pequeno, que vos parece mais fraco e em desvantagem.

Este é um principio básico e é por isso que personagens como o Rey Mystério têm tanta popularidade: ele é sempre o underdog porque toda a gente é maior que ele mas ele consegue aproveitar o seu tamanho, velocidade e agilidade para atingir o adversário das formas mais incríveis e vencer aquele que à partida seria o vencedor do combate.


A partir deste principio, que o heel comanda o combate e ganha o heat (desagrado exuberante do público) para que o face tenha o pop (agrado exuberante do público), tudo se pode conjugar:

- Podemos ter heels mais dados ao brawling e que encostam o adversário ao canto ou o atiram para lá para fora para o poderem espancar melhor ou heels mais técnicos que usam mais holds para o desgastar.
- Podemos ter faces que funcionam mais na base da velocidade e agilidade, podemos ter aqueles que usam mais movimentos técnicos...

Podemos ter muita coisa, o que faz com que a mesma estrutura sirva para muitas coisas diferentes.


Depois aparecem diversos tipos de combate: o competitivo, em que 2 lutam taco a taco; o raivoso, que serve para resolver disputas; o squash, que tipicamente serve para aumentar o heat ou o pop de um dado personagem... enfim, a lista é imensa e se pensarem nos vários combates percebem estas nuances.

Mas isto da psicologia leva a certos abusos. Existe um principio, absorvido através da ROH ou do Japão, que um combate para ser muito bom tem que ser épico e ter os lutadores a escaparem de todos os finishers do adversário uma série de vezes e que por isso existem muitas vezes 2 e 3 níveis de finishers (tipo Kobashi e Akiyama). Eu não concordo, acho que se fizesse agora uma personagem só lhe dava um finisher. E aí surge magia, porque todo e qualquer fim que o combate tenha passa a ser especial, é uma carta saída da manga daquele tipo.

Eu acredito que é importante saber ter uma acção em ringue focada e lógica. O Jake “The Snake” Roberts usava um Swinging Knee Lift, uma Short Arm Clothesline e o DDT, o finisher por si inventado (quer dizer, no México o Black Gordman já tinha feito antes dele, mas pronto...), para vencer o combate, estes eram os high spots dele. Parece pouco não é? Mas o público ia ao rubro. Porque? Porque sabia como os plantar durante combate e as pessoas acreditavam que aquilo ia magoar de facto o adversário.

Quem escreve um combate deve ter atenção a isto, despejar todos os moves que a pessoa indica na lista da sua personagem em todos os combates é errado.

Vê-se pelo exemplo que dei em cima que os Signature Moves são, de facto, poucos. Dentro destes devem ser utilizados uns 7 em todos os combates e ir adicionando, combate a combate, mais alguns dos 15 que são dados e que devem variar consoante o tipo de adversário, dando assim uma dimensão e um dinamismo psicológico maior a cada personagem. Vocês não vêem o Cena usar sempre o Diving Leg Drop Bulldog, o que faz que quando ele o usa é algo especial.



Despeço-me com a esperança que isto sirva para alguma coisa e que gostem do que escrevi. Abraço a todos e Viva Portugal (Olha o público já: Asshole, Asshole, Asshole...)


Última edição por miths em Sex Out 02, 2009 4:43 pm, editado 2 vez(es)
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Sezarus
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MensagemAssunto: Re: A real beleza de um combate   A real beleza de um combate EmptyDom Set 27, 2009 8:21 pm

Blocos de texto = Ugly shit.
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miths
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MensagemAssunto: Re: A real beleza de um combate   A real beleza de um combate EmptyDom Set 27, 2009 8:33 pm

por acaso quando estava a fazer a pré visualização achei o mm, mas estou preguiçoso hj...
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Rated Xtreme
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MensagemAssunto: Re: A real beleza de um combate   A real beleza de um combate EmptySeg Set 28, 2009 2:52 pm

É uma espécie de tutorial de writting, eu gostei. Os blocos de texto embora grandes leram-se bem, talvez pela linguagem utilizada, não sei.

Muito bom.
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Phenomenal
NVW Chairman



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MensagemAssunto: Re: A real beleza de um combate   A real beleza de um combate EmptySeg Set 28, 2009 5:09 pm

Partilho a ideia do Gu...whatever.

A psicologia básica ficou muito bem expressa, obrigado miths.
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Cláudio
Funcionário de Limpeza



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MensagemAssunto: Re: A real beleza de um combate   A real beleza de um combate EmptyQui Out 01, 2009 11:23 pm

Achei fantástico o teu trabalho. Tens razão no que dizes. Sabe sempre bem ler um combate com tudo o que é essencial.
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miths
Street Legend



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MensagemAssunto: Re: A real beleza de um combate   A real beleza de um combate EmptySex Out 02, 2009 4:41 pm

dei uma arranjadela nisto, pode ser que seja mais fácil de ler
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