The Vanguard Challenge!

No centro de Lisboa, um recinto de enormes proporções reúne grande parte das atenções, tal a sua magnificência. Homens, mulheres, crianças passam pelo colossal edifício sem conseguir deixar de olhar para o mesmo.

As imediações estavam envoltas em grandes de um cinzento claro, completamente cerradas com a excepção de uma pequena porta.

No interior do gradeamento, os trabalhadores suados cumpriam as suas respectivas tarefas sem qualquer descanso, ora carregando isto ou aquilo, ora pintando esta ou aquela parede, ou dando um retoque nalgum pormenor que passa praticamente despercebido.

Apenas uma pequena divisão parecia em pleno funcionamento, “aberta ao público”. Era um escritório que divergia daquela espécie de pavilhão, tal a sua humildade.

Para além do espaço reduzido, a decoração está à conta de umas poucas fotografias que já tinham alguns anos. Depois, apenas uma secretária pouco vistosa, um par de cadeiras simples, e eis algo que vai contra o ambiente daquele espaço, um cadeirão imponente de um couro negro.

Sentado nesse mesmo cadeirão está um homem a conversar ao telemóvel, esse homem é o General Manager da NVW, Eduardo “O Veloz” Silva.

Eduardo Silva: Sim, Daniel, as candidaturas estão a fluir bem. Ou estou muito enganado, ou até já temos uns talentos interessantíssimos em mãos.

…

Eduardo Silva (num tom calmo): Não te preocupes, estou certo que o início correrá bem.

…

Eduardo Silva (com o mesmo tom calmo): Eu sei o quão importante é a “entrada”, mas tal como te disse não te preocupes que irá tudo correr sobre rodas.

Segue-se a resposta do outro lado, e Eduardo Silva não evita um sorriso.

Eduardo Silva: Acredita, a tua confiança em mim não será defraudada. É-me uma honra cumprir este papel na federação, e decerto a minha experiência irá ajudar.

…

Eduardo Silva: Desculpa? Repete o que disseste, rapaz, acho que ouvi mal.

De repente “O Veloz” fica com os olhos esbugalhados, e morde o lábio inferior.


Eduardo Silva (num tom sério e tenso): É pá, sim a ideia em si é óptima. Mas…o teu pai…

…
Eduardo Silva (mantendo o mesmo tom): Daniel, tu sabes que eu confio em ti do mesmo modo que tu confias em mim…Para mim és família, miúdo, apenas não quero desrespeitar a memória do teu pai, e não sei se o que tens em mente é o mais acertado…

…

Eduardo Silva (levantando um pouco a voz): Desrespeitar onde?! Daniel, o teu pai lutou praticamente uma carreira inteira para consumar essa conquista, e tu estás a pensar em esbanjá-la sem mais nem menos.

A conversa contínua, Silva leva a mão direita à cabeça e acaba por deixar sair um suspiro profundo.

Eduardo Silva (voltando ao tom normal): Desculpa, Daniel, não queria insinuar nada. Eu sei muito bem que conheces a história do teu pai melhor que ninguém.

…

Eduardo Silva: Sim, a carga simbólica seria descomunal, sem dúvida que daria um novo interesse a muita gente.

…

Eduardo Silva: Nisso tens razão, “O Tanque” amava este desporto com todo o coração, não o vejo a negar algo como o que tens em mente.

…

Eduardo Silva: Sim, novamente tens razão, também me parece algo que o teu pai faria.

…

Eduardo Silva: Não, não, eu sei onde é que ele a guardou, não é preciso dizeres-me.

O General Manager morde o lábio inferior com mais força.

Eduardo Silva (relutantemente): Está bem, Daniel, eu irei buscá-la e vou seguir com os teus planos. Convenceste-me…

…

Eduardo Silva: Sim, sem problema, vai lá à tua vida. Falamos depois, miúdo.

[i]O cinquentão desliga a chamada e pousa o telemóvel na secretária, recosta-se no cadeirão ficando a olhar para o tecto por uns momentos, antes de tornar a soltar um longo suspiro. Por fim, levanta-se, dirigindo-se a uma das fotografias que estavam penduradas.

Era uma fotografia antiga, mostrava “O Veloz” e “O Tanque” a festejarem depois de uma vitória num combate por equipas.

Eduardo Silva: Espero não te deixar mal, parceiro, espero…

É um final de sexta-feira nublado e frio, em que numa ou outra ocasião irrompe uma chuva miúda. Decerto não é um início de fim-de-semana propenso a grandes saídas, e por essa mesma razão um grupo de adolescentes acabou por decidir ficar por casa.

Eram três colegas de turma, três amantes do Wrestling, precisamente a modalidade que assistiam na TV.

“José Vieira: Bueno Miguel, estamos aqui en el decorrer de este combate hardcore por el titulo mas importante de todo el Mejico, el "Titulo de Nuestra Señora".

Miguel De Jesus: José mira, lo que está pasando, El Sombrerito está sacando una escalera de 7 metros.

JV: Pero, El Mariachi, no lo deja, y le aplica un par de puños, esté se voltea para buscar una silla.

MJ: Eish, El Sombrerito le pega a El Mariachi con una patada en la cabeça que lo deja înconciente.”

Adolescente 1 (gritando emocionado): Isso, vai Sombrerito, vai porra!

Adolescente 2 (irritado): Cala-te caralho, deixa apreciar o combate!

JV: El está montando la escalera de 7 metros, e está subiendo, no creo que el vá a hacer esto.

MJ: El está arriba, pero El Mariachi comienza a subir.

JV: Ya estan los dos arriba, e se comienzan a pegar, uno tras otro e ninguno se cae.

Adolescente 3 (gritando emocionado): Vão-se foder todos!

Adolescente 2 (levando a mão direita à cabeça): Foda-se, outro…

“MJ: Mira Mira, El Mariachi vá a hacer un Superplex desde la escalera de 7 metros.

JV: OUCHHHHHHHHHHHHHH, estan los dos en el aire...se van a matar...crees que sobrevivieron?!”

De repente, a imagem fica totalmente negra, surgindo logo de seguida no centro em letras grandes o seguinte “Emissão interrompida devido a um comunicado especial”.

Adolescente 1 (incrédulo): O quê?!

Adolescente 3 (saltando do sofá onde estava sentado): Mas que raio de merda é esta?!

Adolescente 3 (num tom calmo): Tenham lá paciência putos…vamos lá ver que anúncio é este, estou curioso.

O aviso desaparece da TV, passando a mostrar um escritório quase vazio. Apenas uma secretária, com um só objecto em cima coberto por um pano branco e um cadeirão que está de costas para a câmara. O cadeirão roda lentamente, quem lá estava sentado era o General Manager da NVW, Eduardo Silva.

Adolescente 1 (num tom surpreso): Oi?!

Adolescente 2 (erguendo ambas as mãos): Silêncio…

Eduardo Silva: Boa noite a todos, eu sou Eduardo “O Veloz” Silva, e como devem saber, sou o General Manager da mais recente federação de Wrestling portuguesa, a National Vanguard Wrestling.

O GM coloca os dois cotovelos sobre a mesma.

Eduardo Silva: Pois bem, é verdade que a Federação ainda não teve o seu primeiro espectáculo, mas é igualmente verdade que este aproxima-se a passos largos…As obras no recinto estão a terminar, já temos um número de wrestlers consideráveis sobre contrato e…

Levanta-se do cadeirão.

Eduardo Silva (concluindo): E o início da mesma já está mais que pensado.

Dá uns passos, ficando ao lado do objecto que se encontra tapado.

Eduardo Silva: A Federação irá começar desde logo com um torneio. Um torneio em que todos os wrestlers da NVW poderão participar, um torneio que será apelidado de Vanguard Challenge.

Levanta a mão esquerda, com o indicador esticado para cima.

Eduardo Silva: Repito, todos os wrestlers poderão participar…mas para isso terão que demonstrar vontade em entrar no mesmo, quer seja falando comigo ou fazendo um anúncio qualquer em que se apresentam e declaram o interesse no torneio.

Baixa a mão, e olha para o objecto que está a sua esquerda.

Eduardo Silva: Agora como é óbvio, todos os torneios precisam de ter um prémio, e este não é excepção…

Retira o pano branco, desvendando uma medalha prateada religiosamente guardada numa caixa envidraçada com fundo de um vermelho vivo.

Eduardo Silva: Alguns devem estar a perguntar-se se estão a ver bem…e sim, estão. Esta é a medalha que “O Tanque” recebeu na sua derradeira homenagem a nível do Wrestling Profissional, a Medalha de Honra Nacional, o equivalente aqui em Portugal aos aclamados “Hall of Fame”.

“O Veloz” segura na caixa, exibindo-a para a câmara.

Eduardo Silva (num tom emocionado): Foi algo pelo qual o Sérgio lutou a vida inteira. Suou, chorou, sangrou até poder mais não…

Baixa a cabeça, fixando a medalha com os olhos brilhantes.

Eduardo Silva (com o mesmo tom): Mas acabou por alcançar a glória, e isto aqui que eu tenho na mão é o maior exemplo disso.

Continua a olhar para o prémio do seu falecido amigo por uns instantes, acabando então por o pousar novamente na secretária.

Eduardo Silva: É verdade que ter algo assim como prémio acaba por ter o seu valor simbólico, e espero que aqueles que se cheguem à frente para o torneio entendam isso mesmo. É algo que tem que ser sempre encarado com respeito, não é apenas mais um “título”, está para além disso. E espero igualmente que percebam que só ter esta medalha na mão já é motivo de orgulho.

Solta um pequeno suspiro.

Eduardo Silva: Julgo que não tenho mais nada a dizer, a não ser que depois das 12 horas de Segunda-Feira a entrada no Vanguard Challenge será encerrada, e que nesse mesmo dia irá decorrer o sorteio dos combates.

Acena brevemente com a mão direita.

Eduardo Silva: Um até logo aos fãs de Wrestling portugueses, e peço-vos, apoiem o que é nacional, acompanhem a NVW, sem vocês ela não poderá crescer.

A emissão volta ao Wrestling mexicano, onde El Sombrerito já erguia o seu título em apoteose.

Adolescente 1 (num grito de alegria): El Sombrerito, sim, toma!

Adolescente 3 (desiludido): Porra…

O outro estudante limita-se a recostar sobre o sofá.

Adolescente 2 (sussurrando): Finalmente, algo que pode vir a ser interessante no Wrestling nacional.

Num dia pouco agradável e em que a temperatura parecia descontrolada Zachary dirigiu-se até ao edifício da federação que começaria a representar para acertar uns pormenores quando a sua visão foi intersectada por um cartaz por um cartaz bem vistoso onde se podia ler que haveria um Torneio. Lancei-me rapidamente para dentro do edifício tentando ainda conseguir uma vaga para o Torneio. A sala estava acolhedora comparando com o exterior do prédio e não se encontrava ninguém na recepção. Dei uma volta até que finalmente encontrei um empregado.

Zachary: Hello ando a procura do Senhor Eduardo Silva… para me inscrever no torneio aqui da federação.

Empregado: Acompanhe-me até ao escritório dele.

Passamos por um corredor onde se podia ver uma espécie de Museu em nome de Tanque.

Empregado: Senhor Eduardo aqui está mais um para entrar no torneio.

Eduardo Silva: Bem já vi que isto anda concorrido… Zachary Pereira não é?

Zachary: Obviamente que sou eu nota-se pela grande figura que se encontra frente a si. Tenho a dizer que você hoje parece mais vistoso que em outros dias.

Eduardo Silva: Também é a primeira vez que me vê…

Zachary: Mesmo assim nota-se que você é o dono disto tudo tem essa pinta.

Eduardo Silva: Veio cá quanto ao torneio não foi?

Zachary limitou-se a abanar com a cabeça enquanto Eduardo Silva vasculhava uma mesa cheia de papeis.

Zachary: Então sempre posso entrar?

Eduardo Silva: Claro quantos mais melhor.

Zachary naquele momento levanta-se da cadeira e sai a correr da sala gritando bem alto para todos os presentes dentro do edifício que seria ele o vencedor do primeiro torneio da NVW acusando todos de serem inferiores ao “Awesome Dude”

Cam On

Um pavilhão gigante preenchido com 3 ringues de wrestling surge no centro da câmara. Digamos que a sala estava lotada o que provocava um grande ruído de fundo.

“AHAHAHAHHAHAHAH”

Todos as pessoas presentes no pavilhão ficam surpreendidos com o riso vindo do hall de entrada onde estava presente um individuo alto de cabelo rapado, com uma t-shirt branca e calções pretos bastante alegre.

Nesse momento, um dos lutadores que estava naquele momento a meio de um combate sai de imediato do ringue. Tinha um corpo extremamente bem definido e uma cicatriz na face direita bastante sinistra.

Lutador: Oh, tu aí! Como te chamas?

??? (passando a mão pela sua sua suave barba): Eu?

Individuo 1: Claro que sim! És atrasado…ou quê?

Volta a soltar uma breve gargalhada.

???: Epa, podes-me tratar por Gunner, mas o ideal, era não me dirigires a palavra…

Após esta frase, todas as pessoas naquela sala ficaram de boca aberta. Surgiram frases ao acaso como “Ele não deve saber com quem está a falar” ou “Foda-se, assinou a sua sentença de morte”.

Lutador (irritado, aproximando-se de Gunner): Oh meu filho da puta, mas tu sabes quem é que eu sou?

Gunner (com calma): Assim de repente…um inútil como os restantes presentes nesta sala?

O lutador tenta agredir o Gunner com um punho de direita quando surge um treinador da NVW entre ambos que os separa.

Treinador (furioso): Mas que raio se passa aqui, Jacinto? Lutar é no ringue, não cá fora!

Jacinto/Lutador (colocando a mão no ombro do Treinador, ainda bastante irritado): E éramos o que estávamos todos a fazer, antes desse marmanjo chegar…

Treinador (soltando-se da mão do lutador de imediato): Não é por seres o tipo com melhor record até agora nos treinos que podes resolver as situações da forma que bem entenderes. Isto serve para recrutar os melhores lutadores para a NVW, não é nenhum local para descarregar as frustrações…

Gunner (sorrindo efusivamente): Ah, este é o tipo com melhor record daqui? Para além de inúteis, também são uns panel…

Jacinto (apontando o dedo a Gunner): Olha lá o que vais dizer meu cabrão! Todos aqui estamos a dar o litro para entrar na “Nachional Vangard Réssling” para entrar a tempo no torneio que o “shôr” Silva anunciou…

Gunner (retirando o treinador da frente, ficando cara a cara com Jacinto): Ah, torneio, mas que bem. Então fazemos assim, combate individul entre eu e tu, o vencedor…entra na NYW. Está bom para ti?

Jacinto: Por mim está óptimo! Ainda não perdi nenhum combate desde que cá cheguei! Não temo ninguém!

Treinador (para acalmar os ânimos): Então, está combinado, o vencedor entra na federação. Podem seguir para o ringue…



Passado 5 minutos…

“PARA! ELE ESTÁ INCONSCIENTE!”

O treinador entra de rompante no ringue para assistir o lutador, enquanto que Gunner dirige-se a um dos cantos do ringue esboçando um grande sorriso na face.

Gunner: Espero que cumpras as tuas promessas…ah, e aquele torneio que ele referiu, ainda dá para entrar? AHAHAHAHAH

Todos olham para o ringue estupefactos enquanto a imagem desvanece.

Cam Off

Ora, o nosso heroí estava da ultima vez que o vimos, a “sonhar” do quanto awesome, ele era, mas na verdade não é... Desta vez, ele realmente está a fazer algo para ajudar Portugal...

Está a ver televisão na sala que estava bastante desarrumada, havia cuecas ali, roupa suja “aquili”, latas de cerveja e pires com cascas de tremoços “aculá”, uma autentica jabardeira, mas é como ele diz... Uma vida á portuguesa... Sim, claro (Ironia). Continuando, Senhor Portugal estava a comer um Cozido á portuguesa e ver o seu Glorioso a jogar contra o União de Leiria... Estava empatado e quase a terminar a primeira parte.

SP: CABRÃO! OLHA AI O VERMELHO NO FDP! (Ele dizia mesmo FDP).

Este dá mais uma dentada no sua Cozido á portuguesa, um golo na cerveja e mais um “bitaite”.

SP: Mas este arbitro deve ser francês de certeza! CORRUPTOS!

Leiria beneficia-se com um livre mal marcado.

SP: O QUÊ? IHHHHHH AMARELO?

Com isto, Senhor Portugal levanta-se da cadeira aponta para a televisão com uma enorme raiva.

SP: Se eu tivesse mandado abaixo a FPF, o Benfica já tinha sido campeão CARALHO! CORRUPTOS DA MERDA!

Mas, Leiria falha e a seguir de falhar esta grande oportunidade de se adiantar no marcador, o jogo vai para o intervalo.

SP: Vamos lá shôr Jesus, enfia um vibrador justiceiro pelo cu do arbitro e transforme-se no “Exterminador” para dar cabo da equipa do Benfica que hoje não está a jogar uma puta.

Após dar uma publicidade, este é interrompido com uma breve mensagem transmitida por Eduardo “O Veloz” Silva, anunciando o torneio, blá blá blá...

Senhor Portugal, após ouvir este “anuncio incrível” de O Veloz, este nasce-lhe um brilho nos olhos. Este corre para a casa de banho e após uns minutos, sai de lá com uma camera de filmar... ??? O quê? .. Não interessa, continuemos. Este coloca a camera em cima da televisão, corre para o quarto e sai de lá com a sua capa-bandeira e de seguida liga a sua camera de filmar.

SP: (De braços cruzados) Caros cidadãos portugueses! O vosso novo herói vai nascer finalmente, e vai começar o seu trabalho na federação recentemente formada, National Vanguard Wrestling.

Este aponta a mão direita para a camera.

SP: Para lutar contra o “mal”, transmitir-vos a mensagem, e claro, pedir a ajuda a vós portugueses, para levantarem o cu do vosso cadeirão, sofá, cadeira, cama, onde vós estejam sentados ou deitados, e entrem na minha “guerra”.

Fecha ambos os punhos e coloca um grande sorriso.

SP: Preciso do vosso apoio, a vossa garra para me apoiarem também nos meus combates futuros, onde irei concorrer e mostrar a verdadeira força portuguesa contra os imigrantes indesejados em Portugal!

Senhor Portugal começa a abanar o indicador, como tivesse a indicar algo.

SP: E então por este meio, irei-me inscrever no torneio anunciado por Eduardo “O Veloz” Silva, onde terá em jogo uma medalha, não só importante para o “Ressle” portugues, como também a honra.

Este aponta para si.

SP: Eu, Senhor Portugal, irei certificar-me que aquela medalha não irá para as mãos erradas, ou seja, as mãos de um “Imigrante” sujo e que só traz má fama a Portugal. Eu irei ganhar aquela medalha e esse será o primeiro passo para um novo começo, portugueses!

Este desaperta a sua capa e ergue em frente á camera, deixando só a sua cabeça á mostra e grita.

SP: Pelo nossa honra, portugueses! PELA NOSSA HONRA!

Disto ouve-se um barulho vindo do tecto, de alguém a bater com algo forte no chão, e de seguida ouve-se um berro.

Vizinho: CALA-TE CARALHO!

Senhor Portugal, tentando disfarçar lentamente se chega perto da camera e desliga-a.

Gabinete do GM, NVW

Eduardo "O Veloz" Silva está sentado no seu cadeirão, por trás da sua secretária. Está a poucas horas do final do prazo de inscrições e aguarda para verificar se não haverá nenhuma surpresa de última hora

No ecrã do pequeno computador que tem pousado sobre a mesa aparece a simpática cara de Daniel de Sousa, com quem está em contacto via vídeo-conferência.

Daniel de Sousa: ...Penso que poderíamos já dar por findas as inscrições não acha?

Eduardo Silva: Calma. Temos de dar hipótese a alguma candidatura de última hora. Já imaginaste o que seria perdermos o nosso Hulk Hogan por não esperarmos 2 horas?

Daniel de Sousa: Tem razão... Bem, vou esperar pela hora para o contactar de novo. Até já.

Eduardo Silva: Até já.

Eduardo fecha com ligeireza a tampa do computador. Nesse momento, a sua jovem assistente bate à porta.

Assistente: Está aqui uma pessoa para falar consigo... Diz que é por causa do torneio.

Um sorriso acende-se na sua face. Ele sabia que tinha razão em esperar...

Eduardo Silva: Faça-o entrar

Uma figura avantajada aparece por trás da assistente. Entra no gabinete e fecha a porta na cara desta

Eduardo Silva: Isso não foi muito simpático para a minha assistente, senhor...

A figura estende a gorda mão a Eduardo Silva e responde

Rolando Barafunda: Rolando Barafunda, o maior agente de lutadores profissionais da Península Ibérica.

Eduardo fica imediatamente mal impressionado com aquele homem, mas como GM da NVW tem de o ouvir. Para todos os efeitos aquele homem pode-lhe trazer o seu Hulk Hogan e ele deve uma federação com sucesso à memória do seu antigo parceiro. Estende-lhe a mão e cumprimenta-o

Eduardo Silva: E que posso eu fazer por si, senhor Barafunda?

Rolando senta-se à frente dele. Era uma figura algo repulsiva: o seu aspecto gordurento e baço, a sua figura obesa e o seu sorriso amarelo só eram tornados menos apelativos pela sua clara falta de maneiras, exagero teatral nas suas reacções e gabarolice abusiva.

Rolando Barafunda: Pergunto-lhe sem mais delongas: quer o melhor lutador que alguma vez pisou solo nacional?

Eduardo Silva sente após tal resposta que o seu primeiro instinto, tal como em toda a sua vida, não o enganou. Aquele tipo não era boa rês...

Eduardo Silva: A NVW está sempre interessada em atletas de alta qualidade, mas exigimos ter algo que nos permita avaliar essa qualidade por nós próprios antes de celebrar contratos...

Rolando Barafunda: Um homem precavido, estou a ver... Bem, depois de analisar este dossier que lhe trago estou convicto que verá a qualidade que ambiciona.

Estende uma pequena pasta ao GM. Este recebe-a e analisa o seu interior: uma série de papeis e um cd. Ele tira com cuidado o cd da pasta e coloca-o no leitor do seu computador. Levanta a tampa e começa a ver o conteúdo.

Rolando vê a cara de Eduardo reagindo aos sons e imagens que está a ver. Ele sabe que vai ter sucesso, o lutador que representa é sem dúvida apelativo para qualquer promotor de wrestling, especialmente para um velho lobo como o Veloz.

Eduardo Silva: Muito interessante... Como se chama mesmo o seu cliente?

E Rolando pronuncia a palavra que faz estremecer Eduardo...

Rolando Barafunda: O seu nome é conhecido nos quatros cantos do planeta. De Bankok, Tailândia, ele é... McGrawl.

Eduardo já tinha ouvido falar daquele nome. E sabe que Daniel de Sousa também. E de imediato ficou num dilema...

Eduardo Silva: Eu conheço esse nome...

Rolando Barafunda: Eu sei que conhece...

Eduardo Silva: O dono da companhia não vai gostar nada da ideia...

Rolando Barafunda: O dono da companhia quer fazer dinheiro e rentabilizar o investimento. Contrate-o sem ele saber e após o primeiro show vai ter o dinheiro das bilheteiras e transmissões televisivas do seu lado para justificar a sua acção...

Eduardo fica num dilema...

Eduardo Silva: Bem, vou reflectir sobre a sua proposta... Pode-me dar o seu contacto para falar consigo mais tarde?

Rolando tira um cartão do bolso e estende-lho. Eduardo aceita-o com relutância, dada a aparente falta de higiene do agente desportivo. Rolando levanta-se e faz-lhe um aceno.

Rolando: Bem, tenho a certeza que irá contratar o meu lutador. Espero o seu contacto muito em breve...

Sai da sala e deixa Eduardo a matutar silenciosamente. Este olha para a lista de lutadores inscritos no torneio, olha depois para a pasta com fotografias e informações e, por fim, olha para a foto do seu grande amigo Tanque...

Eduardo, pensando em voz alta, diz: "Tu mereces uma federação de sucesso a honrar a tua memória parceiro..."

Eduardo assina na folha o nome do lutador e tira da gaveta uma minuta de um contrato...